segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

No mesmo lugar que nós


Poucos são aqueles que sabem o que é ter um filho saudável e normal (em termos de desenvolvimento psicomotor) à nascença e durante os primeiros anos de vida e depois haver qualquer situação que transforme esse filho num outro filho.
As Paralisias Cerebrais pós-natais não são tão comuns como as perinatais.
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Quando o João adoeceu e deram o diagnóstico de Paralisia Cerebral contaram-nos a história de um caso que tiveram de uma lesão cerebral adquirida depois do nascimento (e que também foi incomum): um menino de 2 anos que engoliu um balão e que por isso também tinha ficado com uma Paralisia Cerebral.
Um menino que hoje é adolescente.
Um adolescente que neste momento partilha o mesmo espaço com o João.
Uma Mãe que sabe o que é perder um filho e ganhar outro no mesmo instante.
Um filho que é o mesmo mas não é.
E não é por isso que é menosprezado ou menos amado.
Muito provavelmente antes pelo contrário.
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A cumplicidade, o amor e a entrega profunda sentem-se à distância.
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As poucas palavras que troquei até agora com esta Mãe foram as minhas. As que eu lhe dirigi e as que ela me dirigiu a mim foi como se fosse eu a falar através de uma outra boca e com outra voz. Senti-me numa posição estranha, como se estivesse num universo paralelo...
Hoje sinto-me especialmente e verdadeiramente compreendida.
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3 comentários:

Piquenina disse...

apesar da causa da identificação não ser propriamente feliz, ainda bem que te sentiste assim.

Maria disse...

Desejos de melhoras para o J.
Força para todos vós.
Como sempre fico sem palavras, nestas ocasiões!

Beijinhos muito especiais a todos ai em casa.

Anónimo disse...

Mãe Sisa,
É sp bom encontrarmos no meio de tanta dôr,raiva e medo ,alguém com quem nos identifiquemos nas vivências, sentimo-nos assim menos sós. Porque isso doi mesmo.
Tenho mesmo raiva das pessoas q têm filhos saudáveis e estão sp no muro das lamentações.
Milbjs e as melhoras.
Alexandra