sábado, 30 de março de 2013

Páscoa

Em 9 anos de vida do Principezinho, oito são marcados pela condicionante da saúde.
Nestes últimos 8 anos, foram raras as vezes que passámos a Páscoa em casa e não no hospital.

Saímos do hospital há uma semana e tal. O João ainda não recuperou totalmente da gripe em si e do trauma do internamento... Sim, porque agora, cada vez que vem de um internamento (independentemente do tempo que lá esteve) aparenta sinais de stress pós-traumático (eu sei que não sou profissionalmente qualificada para fazer este "diagnóstico", mas sou a Mãe!). 
Recusava dormir. Só há 3 dias é que começou a aceitar ir para a cama e mesmo assim ainda não é à hora habitual dele... Ainda está um bocado nervoso, tem períodos de irritabilidade que podem ser motivados por dor mas são extremamente intensos e exagerados. 
O clima também não tem ajudado pois ele reage muito à humidade e por isso voltou a ter hipersecreções... logo, precisa de muita cinesioterapia respiratória e só tolera o primeiro minuto!
São precisas doses extra de paciência.

As Quaresmas foram sempre verdadeiras caminhadas de abstinência de muitas coisas que não as mais comuns para os católicos... Espera-se que se faça o sacrifício do jejum, que seja um período de reflexão intensa, de mudança interior. Para nós a abstinência não passa (apenas) pelos alimentos ou até por alguns comportamentos. Passa essencialmente pela abnegação.
Não é só o João, mas toda a família acaba por ser condicionada pelo seu estado de saúde.

Algumas pessoas não compreendem como é que, depois (e apesar) de tudo o que se passou e continua a passar nas nossas vidas, continuo a ter Fé.
Não explico. Apenas sinto.
E sinto-A muito. 
Acredito muito n'Ele, profundamente. 
Amo-O intensamente.
E tento vivê-Lo o máximo que me é possível.
Por isso, desejo a todos uma 
Santa Páscoa
que o Cristo Ressuscitado viva nos vossos corações
mesmo em quem não acredita Nele


segunda-feira, 11 de março de 2013

[sobre... a experiência do amor incondicional]

nasceu no dia dos atentados de Madrid e devia ter percebido logo que ele me ia virar a vida do avesso. mas a perspicácia, às vezes, não é o meu forte. o dia em que me tornei sua madrinha tive de o embalar encaixado no lado esquerdo da anca, para impedir que mordesse o ambão, enquanto eu lia uma leitura. uma vez mais devia ter percebido que ele me ia desafiar. mas já vos falei da minha perspicácia, não é verdade??? a determinada altura a vida dele (e da sua família) mudou, mas a minha já tinha mudado antes (sem que eu tivesse percebido - vide considerações sobre a minha perspicácia mais acima). é que ele com os olhos pestanudos, o sorriso fácil e aquele coração grande de quem ama e se apaixona já tinha roubado o meu, sem que eu desse conta. desde aí para cá isto de partilhar a vida com ele, isto de ser amada por ele, isto de o ver a olhar para mim com um olhar de aceitação plena deixou-me o coração maior mas também mais frágil. não lido bem com essa fragilidade mas reconheço que o saldo é francamente positivo, para o meu lado. espero que também o seja para ele. em novembro passado, por entre tubos e máquinas com um ruído ensurdecedor, sussurrei-lhe ao ouvido. o que eu lhe disse fica entre mim e ele. hoje é o dia em que celebro mais um aniversário do meu cucu. hoje - em especial - a p**a da distância física que nos separa tem um peso (quase insuportável) que torna o coração mais apertadinho. como é que uma criatura nos pode virar a vida assim do avesso? não sei. mas sei que no final é muito BOM!

sexta-feira, 8 de março de 2013

"Mais cedo falasse"

...como diz o outro!

Algumas horas depois de ter publicado o último post o João foi internado.
Mais um cromo para a caderneta de bicharocos que o meu filho quer completar, por sinal!

Desta vez é o vírus influenza B.
Gripe, portanto.
 A vacina este ano devia vir com "defeito"!

Já me contagiou e vamos lá a ver se o Pai Pinguim se safa.

Mais uns dias nesta nossa morada alternativa...

quarta-feira, 6 de março de 2013

Balanço de 2 meses em casa

Faz hoje precisamente 2 meses que estamos em casa, depois dos sustos do final de 2012.
Foram 2 meses relativamente tranquilos, tendo em conta que só saímos de casa para ir a consultas e só há 2 semanas é que o João retomou a UTAAC (por ser um ambiente mais controlado e pouca gente). 
Pelo menos, até ao final de Março é para ficar em casa e mais resguardado. Só pode sair para a UTAAC, consultas ou para um passeio à beira-mar em dias de sol.
Por motivos meteorológicos isso não se tem acontecido... e como ele é um barómetro em forma de gente (começa a dar sinal 2 dias antes de chover), nos dias em que houve sol não pudemos ir.
E esta semana, com esta chuva que não pára, está a piorar.
Dia 11 completará, se Deus quiser, o 9º aniversário. Esperemos que não o "celebremos" no hospital!

Nestes dois meses já voltei a pensar no futuro dele.
É mais forte que nós. Temo-lo em casa e esquecemo-nos às vezes da fragilidade da situação e ousamos pensar numa vida mais saudável que lhe permita ter futuro!
Pensei no tempo que ele já "perdeu" em termos lectivos, em que ponto estariam os colegas, será que as professoras prepararam material para ele, quando ele voltar à escola demorará muito a acompanhar?...

Fico contente com as notícias dos outros amigos dele, que progridem, que vão vivendo com mais ou menos dificuldades, com mais ou menos obstáculos, mas têm saúde! E isso não tem preço e vale mais que tudo!
Por isso, este tempo "perdido" foi tempo ganho. Para nós. Foram mais dois meses que ele esteve connosco, em casa. Com aquele olhar que tudo diz, alegre, mas também com as suas birras! Com saudades de muita gente, mas compreendendo que não tem mais visitas nem sai mais de casa para bem dele.
Feliz em família.