sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Equidade, Princípio da

e*qui*da*de
s.f.

1. Igualdade.
2. Rectidão na maneira de agir. = IMPARCIALIDADE
3. Reconhecimento dos direitos de cada um.
4. Justiça recta e natural.


Tenho que começar a espalhar, em forma de autocolantes, na testa das pessoas!
Ee

e·qui·da·de

|qüi|
(latim aequitas, -atis)

substantivo feminino

1. Igualdade.

2. Rectidão na maneira de agir. = IMPARCIALIDADE

3. Reconhecimento dos direitos de cada um.

4. Justiça recta e natural.


vender com equidadeContentar-se com um ganho razoável, sem se valer da necessidade que o comprador tem do género.


Antónimo Geral: INIQUIDADE

"equidade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/equidade [consultado em 25-10-2013].

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Manuais escolares em formato digital para alunos com NEE

Passaram 2 meses desde o primeiro email para o Centro de Recursos do Ministério da Educação
(ou deveria ser DESeducação?!).
Nada esclarecido e muito menos resolvido.
Pois bem, voltamos a lembrar o assunto!


Data: 17 de outubro de 2013 18:43Assunto: Re: Manuais escolares em formato digital para alunos com NEE
Para: "Centro de Recursos (DGE)" <centro.recursos@dge.mec.pt>
Cc: atendimento.dsrlvt@dgeste.mec.pt, igec@igec.mec.pt, gabinete.seebs@mec.gov.pt, Comissao.8A-CECCXII@ar.parlamento.pt, provedor@provedor-jus.pt, inr@inr.msss.pt, sede@apcl.org.pt, Comissao.12A-CPECCXII@ar.parlamento.pt, gp_pcp@pcp.parlamento.pt, gp_pp@pp.parlamento.pt, gp_ps@parlamento.pt, gp_psd@psd.parlamento.pt, PEV.correio@pev.parlamento.pt, bloco.esquerda@be.parlamento.pt


Exmos. Senhores,

Passados dois meses do meu pedido de esclarecimento e resolução da situação dos manuais escolares do meu filho e um mês desde o último email em que informei os dados solicitados, venho pelo presente reiterar o pedido, agradecendo que, no mínimo me esclareçam o ponto da situação.

Compreendo o trabalho de V. Exas. e por isso, por uma questão de respeito que ainda mantenho, espero que compreendam a urgência de ver este assunto resolvido e de procurar esclarecimentos a este departamento, antes de tomar outra atitude.
Se todos os outros alunos têm os seus manuais escolares porque é que o meu filho, uma vez mais, não os tem?

Continuo firme na convicção que esta é certamente uma forma de discriminação que não deve nem pode ser mais tolerada pelos cidadãos com deficiência, nomeadamente as crianças.


Segundo o decreto Lei 46/2006 de 28 de agosto:
"A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I
Disposições gerais


Artigo 1.º
Objecto


1 - A presente lei tem por objecto prevenir e proibir a discriminação, directa ou indirecta, em razão da deficiência, sob todas as suas formas, e sancionar a prática de actos que se traduzam na violação de quaisquer direitos fundamentais, ou na recusa ou condicionamento do exercício de quaisquer direitos económicos, sociais, culturais ou outros, por quaisquer pessoas, em razão de uma qualquer deficiência.
2 - O disposto na presente lei aplica-se igualmente à discriminação de pessoas com risco agravado de saúde.


Artigo 2.º
Âmbito


1 - A presente lei vincula todas as pessoas singulares e colectivas, públicas ou privadas.
2 - O disposto na presente lei não prejudica a vigência e a aplicação das disposições de natureza legislativa, regulamentar ou administrativa que beneficiem as pessoas com deficiência com o objectivo de garantir o exercício, em condições de igualdade, dos direitos nela previstos.


Artigo 3.º
Conceitos


Para efeitos da presente lei, entende-se por:
a) «Discriminação directa» a que ocorre sempre que uma pessoa com deficiência seja objecto de um tratamento menos favorável que aquele que é, tenha sido ou venha a ser dado a outra pessoa em situação comparável;
b) «Discriminação indirecta» a que ocorre sempre que uma disposição, critério ou prática aparentemente neutra seja susceptível de colocar pessoas com deficiência numa posição de desvantagem comparativamente com outras pessoas, a não ser que essa disposição, critério ou prática seja objectivamente justificado por um fim legítimo e que os meios utilizados para o alcançar sejam adequados e necessários;
c) «Pessoas com risco agravado de saúde» pessoas que sofrem de toda e qualquer patologia que determine uma alteração orgânica ou funcional irreversível, de longa duração, evolutiva, potencialmente incapacitante, sem perspectiva de remissão completa e que altere a qualidade de vida do portador a nível físico, mental, emocional, social e económico e seja causa potencial de invalidez precoce ou de significativa redução de esperança de vida;
d) «Discriminação positiva» medidas destinadas a garantir às pessoas com deficiência o exercício ou o gozo, em condições de igualdade, dos seus direitos.


CAPÍTULO II
Práticas discriminatórias


Artigo 4.º
Práticas discriminatórias


Consideram-se práticas discriminatórias contra pessoas com deficiência as acções ou omissões, dolosas ou negligentes, que, em razão da deficiência, violem o princípio da igualdade, designadamente:
a) A recusa de fornecimento ou o impedimento de fruição de bens ou serviços;
(...)

h) A recusa ou a limitação de acesso a estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, assim como a qualquer meio de compensação/apoio adequado às necessidades específicas dos alunos com deficiência;
i) A constituição de turmas ou a adopção de outras medidas de organização interna nos estabelecimentos de ensino público ou privado, segundo critérios de discriminação em razão da deficiência, salvo se tais critérios forem justificados pelos objectivos referidos no n.º 2 do artigo 2.º;
j) A adopção de prática ou medida por parte de qualquer empresa, entidade, órgão, serviço, funcionário ou agente da administração directa ou indirecta do Estado, das Regiões Autónomas ou das autarquias locais, que condicione ou limite a prática do exercício de qualquer direito;
(...)

m) A adopção de medidas que limitem o acesso às novas tecnologias.
(...)"


Grata pela atenção dispensada a este assunto, subscrevo-me,

S. A. A.


 
Enviada: terça-feira, 17 de Setembro de 2013 12:14
Para: Centro de Recursos (DGE)
Assunto: Re: Manuais escolares em formato digital para alunos com NEE


Exmª Sra. CM
Desde já agradeço a V/ disponibilidade para analisar esta situação e a sua consequente resolução.
Sei que o meu filho não é o único aluno com as capacidades cognitivas que tem, aprisionado a um corpo que não lhe obedece (paralisia cerebral) e que ainda por cima tem a agravante de uma saúde muito frágil (doença pulmonar crónica) que o faz abster-se por longos períodos da escola. Daí entender que é fundamental haver materiais devidamente adaptados às suas necessidades, que facilitem o máximo possível e que rentabilizem o (pouco) tempo útil que ele tem na escola. 
O meu filho chama-se JMAA, tem 9 anos de idade, frequenta a EB 1 (...) (Sintra).
Com os meus melhores cumprimentos,

SAA

Em 17 de setembro de 2013 09:42, Centro de Recursos (DGE) <centro.recursos@dge.mec.pt> escreveu:
Exma. Senhora

A fim de se proceder à análise da situação por si exposta sobre o assunto "Manuais escolares em formato digital para alunos com NEE", e remetida a esta Direção-Geral pelo Gabinete do Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, solicitamos informação sobre a identificação do seu filho, assim como da escola que frequenta.

Com os melhores cumprimentos

CM


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Carta De Um Ser Especial a Sua Mãe

«Num raro momento de felicidade, recobrei a consciência e por alguns instantes libertei-me do corpo.
Livre dos embaraços físicos, pedi a Deus a oportunidade de comunicar-me com você.
Sei o quanto sofre ao ver-me no corpo excepcional onde me abrigo como filho do teu coração, por isso quis falar-lhe:
Saiba mãezinha querida, antes de receber-me carinhosamente em seu ventre, eu era um náufrago nos mares espirituais do sofrimento, foi você a praia que me acolheu devolvendo-me a segurança.
Não pense que se eu tivesse morrido ao nascer teria sido melhor para nós dois, é um engano cruel, pois o que mais importa para mim é viver, o seu amor é a força que pode prolongar-me a vida. O corpo disforme que hoje sustenta-me a vida, representa para mim um tesouro de bênçãos onde reeduco o meu espírito aprendendo a valorizar a vida que tantas vezes desprezei.
Sei que sofres por eu não poder dar-lhe as alegrias de uma criança sadia, porém reconforta-me saber que para as mães como você, Deus reserva as alegrias celestiais.
Ser mãe é missão natural das mulheres.
Ser mãe de alguém como eu é missão que Deus só entrega a mulheres especiais como você.
Vou retornar ao corpo, assim como uma ave que retorna ao ninho onde se abriga das tempestades, mas antes rogo a Deus que lhe abençoe, colocando nesta prece a força da gratidão de um filho que teve a felicidade de ter um Anjo como mãe.»

A partilha deste texto é acompanhada com a frase "acho que se eles "nossos anjos guerreiros" pudessem se expressar seria exatamente assim!". Talvez. Eu, como Mãe Especial de um Ser muuuito Especial, quero acreditar que sim, até porque ele voltou para mim todas as vezes que lhe pedi para voltar, colocando o meu coração de Mãe sempre nas mãos de Deus. 
Mas não me consigo ver como um Anjo. Já a ele, não tenho qualquer dúvida!
É reconfortante acreditar que ele, meu filho tão amado, é um Anjo em missão, mesmo que não compreendamos que missão é esta... a do Amor.
 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A reclamação acerca dos manuais escolares

Como referi há duas publicações atrás, reclamei a não adaptação/adequação dos manuais escolares em formato digital.

Não estava propriamente inspirada naquele dia, como aliás não tenho estado... E também não solicitei ajuda especializada! Sentia-me verdadeiramente indignada. E continuo a sentir. A desconsideração é demasiado óbvia e revoltante.

No intuito que outros encarregados de educação (ou até professores, porque não?) resolvam seguir o meu exemplo e reclamar o que é direito dos alunos com multideficiência e que precisam de mais material escolar adaptado às suas necessidades, resolvi colar aqui o texto que enviei para o Centro de Recursos da Direção Geral de Educação, com conhecimento de uma catrefada de organismos (todos os que me lembrei e que achei que deveriam tomar conhecimento disto e que consigam, de alguma forma, funcionar como elemento de pressão...).

Exm.os Senhores,
Sou Mãe de um aluno do ensino básico, integrado numa unidade de apoio especializado para alunos com multideficência (UAM). O meu filho João é cidadão português, tem 9 anos, é portador de paralisia cerebral e é doente pulmonar crónico. Tenho a esclarecer que paralisia cerebral não significa que tem o cérebro paralisado, como ainda muita gente acredita. O corpo só não corresponde ao que o cérebro quer!  É apenas devido à sua doença pulmonar crónica que aceitei inseri-lo na UAM. Por causa da sua abstenção forçada devido à doença pulmonar. Apenas e só. O cérebro dele funciona muito bem, graças a Deus.
Não tem comunicação oral nem tem motricidade fina, logo não tem capacidade de pegar num lápis com os dedos e escrever. Mas expressa-se muito bem com o olhar.
Portanto precisa de meios alternativos de comunicação, bem como de manuais escolares adaptados às suas necessidades.
Manuais em formato digital, de preferência em formato Word, editável e com caixas de texto e de preenchimento, de forma a que ele (e muitos outros como ele, que acedem ao computador com movimentos laterais de cabeça ou com outras partes de corpo que ainda conseguem comandar) consigam aceder com o varrimento automático.

Venho por este meio expressar a minha indignação ao tomar conhecimento do que este departamento considera a "produção da adaptação de manuais escolares (BD) e produção de outros materiais pedagógicos para apoio a alunos com NEE".

Por sinal os alunos com NEE merecedores desta adaptação de manuais escolares são os alunos surdos e/ou cegos.
Por sinal os alunos (considerados pela afamada CIF) com multideficiência não têm os mesmos direitos.
A razão da minha indignação prende-se com o facto de ter conhecimento que os manuais escolares que a escola do meu filho requereu para ele, no ano transacto, chegaram em formato digital que nem sequer é editável, quanto mais adequado e adaptado às suas necessidades. Limitam-se a pedir à editora que envie os manuais conforme foram para a gráfica e pronto.
Gostaria que me explicassem se este departamento adapta apenas os manuais escolares para braille e investe na produção de audiolivros, mas esquece os outros...
É que, para mim, torna-se claro que isto é uma forma de discriminação.
É uma desatenção para com estas necessidades educativas especiais, é o desencontro das intenções da Declaração de Salamanca (1994) e uma violação aos Direitos das Crianças (1990).
Espero que esta situação seja merecedora da V/ análise e consequente emenda.

«No quadro da equidade educativa, o sistema e as práticas educativas devem assegurar a gestão da diversidade, do que decorrem diferentes tipos de estratégias que permitam responder às necessidades educativas dos alunos.»

Sem outro assunto de momento,
SAA

Já tive algumas respostas pró-forma:
- da Comissão de Educação, Ciência e Cultura "foi dado imediato conhecimento do conteúdo desta exposição, a todos os Senhores (as) Deputados (as) que integram o Grupo de Trabalho Educação Especial."
- do Instituto Nacional para a Reabilitação "solicitou esclarecimentos ao Centro de Recursos da Direção-Geral da Educação sobre o encaminhamento dado à situação do filho de V. Ex.ª.
 Nestes termos, encontramo-nos ao dispor para acompanhar a situação do filho de V. Ex.ª ou para prestar qualquer outro esclarecimento que considere pertinente."
do Gabinete da Presidente da AR "Remetemos também a mensagem à Comissão de Educação, Ciência e Cultura e à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, atendendo à matéria em causa."
- da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias "foi agora reencaminhada, para apreciação, à Comissão de Segurança Social e Trabalho, atenta a matéria de que é objeto."
  

Curiosamente o Centro de Recursos ainda nem acusou a recepção. Espero que estejam muito ocupados a adaptar e adequar materiais!


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A concretização

de um sonho do filho é, muito provavelmente, uma das melhores sensações do mundo para uma Mãe e para um Pai.

Hoje tivémos essa oportunidade: o João conheceu pessoalmente os Xutos e Pontapés, nas Festas do Mar em Cascais.

João, O Principezinho Feliz com os Xutos e Pontapés - Cascais 2013


Os outros artistas que ele conheceu pessoalmente eram mais do gosto da mãe do que dele (vá, David Fonseca e Manuela Azevedo ele também gosta, mas mais influenciado pelos "Humanos"). 
Mas quem nos conhece sabe que incentivamos os seus gostos pessoais (sejam eles de qualquer tipo de Metal ou os DaWeasel com aquelas asneiradas todas - que se F_ _ _ - sim, ele percebe o significado das palavras, mas também não as vai repetir oralmente, pois não?! Fazem parte da Língua Portuguesa, não fazem?...)

E os Xutos são os Xutos.
O entusiasmo vibrante cada vez que ele os ouve na rádio ou põe as músicas deles a tocarem no GRID ou que pede para ver o DVD do Circo de Feras é sempre contagiante.
Por isso, fazia todo o sentido tentar esta aproximação.

As lágrimas escorreram, com vontade própria, ao escrever a fazer o pedido de encontro, por saber a carga emocional que a realização disto acarretaria para o meu filho.

A minha emoção de preparar a surpresa e de não lhe dar pistas sobre o que se ía passar estava a deixar-me mais ansiosa do que a ele próprio...


A cara dele a entrar na área VIP e reconhecer de imediato os elementos dos Xutos e ver o Zé Pedro a dirigir-se de imediato a ele foi... (sem palavras)

[O mais idêntico que me lembro foi quando o levámos aos pastéis de belém e ele pensava que estava no paraíso!]

Obrigado Xutos!
O meu sincero e gigantesco obrigado ao Roberto que proporcionou isto!

Pode faltar-lhe muito a saúde (e algumas outras coisas), mas graças a Deus, 
vamos consolidando a felicidade com estas "pequenas" coisas...

.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A primeira vez


Depois de algumas actividades planeadas mas não concretizadas, esta semana realizámos (finalmente!) a primeira ida ao cinema.

Fomos ver o filme "Turbo", escolhido por ele, obviamente e foi uma escolha muito acertada, tendo em conta a mensagem do filme: a perserverança, não desistir apesar de todas as contrariedades...

Foi uma excitação!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

De Abril a Agosto



A vida passa depressa demais e sem novidades (boas).

O João não voltou à escola. Quando a pneumologista deu alta já o ano lectivo tinha terminado.

Considerei anular a matrícula dele. Com o estado de saúde dele como está e como sabemos que, infelizmente e inevitavelmente, desenvolverá não fazia muito sentido manter a matrícula... Mas lá me convenceram a manter e a deixá-lo ir à escola - que tanto prazer lhe dá - enquanto a saúde lho permitir.

Considerei também tirá-lo da escola regular e inseri-lo numa unidade especializada só com alunos com paralisia cerebral. Ele próprio recusou terminantemente a ideia. Adora conviver com outras pessoas portadoras de paralisia crebral, mas rejeita a ideia de sair da escola dele e de ficar numa escola só com deficientes. Quer o contacto com os outros - os "normais". Vivencia através das experiências deles como se fosse ele próprio a experimentar e não quer perder isso. É válido. Ele lá sabe. Tem discernimento suficiente para tomar (algumas) decisões que dizem respeito à vida dele.

Portanto, fica na mesma escola, com os mesmos colegas e, esperamos nós, com as mesmas professoras e assistentes operacionais.
As relações humanas são importantes. Não percebo porque é que as direcções teimam em mandar as pessoas saltitar de um lado para o outro quando é tão importante manter e consolidar aquilo que já começou a ser construído. Quando a estabilidade é tão importante para as pessoas, principalmente para estes miúdos cuja vida já é instável o suficiente devido a todas as suas condicionantes pessoais...

Devido à forçada abstenção pouco ou nada aprendeu, não acompanhou o grupo e não teve material pedagógico preparado para ele (além do que eu própria lhe proporcionei).

Pensei em "puxar" por ele agora nesta época estival em que o seu estado de saúde se esperaria mais estável. Mas nem os pulmões lhe têm dado o descanso esperado, nem eu própria estou motivada o suficiente para preparar materiais pedagógicos e trabalhar incessantemente com ele em casa, para que ele fique preparado para o novo ano lectivo. Afinal de contas, não sou professora. Sou mãe e sinto-me cansada.

O corpo continua frágil, mas cresce e muda. E com o crescimento crescem as dificuldades.

Não temos aproveitado o Verão como gostaríamos. Cada vez que sai de casa tem uma crise respiratória, cansa-se muito mais depressa e de forma muito mais difícil de estabilizar. E depois vêm as birras aliadas... Por isso, as saídas tornam-se cada vez menos. O que lhe faz mal a ele e a mim.

Entretanto, apesar de duvidar na sua frequência escolar, acredito que o sistema tem que mudar aquilo que não funciona devidamente. E essa mudança passa obrigatoriamente por reclamações. Por isso reclamei a não-adaptação/adequação dos manuais que a escola recebeu para ele. 
Considero discriminatório o que o Centro de Recursos da Direção Geral de Educação fez ao enviar os manuais escolares em formato digital (pdf) tal como lhes foram enviados da editora. Nem sequer são ficheiros editáveis. 

As próximas reclamações também já estão na calha:
-  a inexistência de lugares reservados a deficientes à entrada da escola. 
Deveria ser lógico, pelo menos nas escolas com Unidades de Apoio à Multideficiência, haver, no mínimo, um lugar com este fim. Mas não há, por isso há que reclamar.

- a recusa em transportar um aluno com dependência de oxigénio... Esta tem pano para mangas!


quarta-feira, 3 de abril de 2013

O ensinamento do Amor

não é para qualquer um.

Mas um dos melhores exemplos que já vi até hoje (modéstia à parte, além do que vivo todos os dias com o meu próprio filho):

No rosto do Dominic eu vi o meu João Manuel, o J.P.Grilinho e outros...


«Os pais de Dominic Gondreau, o jovem com paralisia cerebral que o Papa Francisco pegou ao colo e beijou no Domingo de Páscoa, escreveram sobre a torrente de emoção que o gesto provocou neles e no mundo.

Paul Gondreau, que é professor de teologia e está a passar uma temporada em Roma com a família, diz que toda a família desatou a chorar quando o Papa teve aquele gesto e recorda que uma senhora que estava próxima foi dizer à sua mulher: “Sabe, o seu filho está cá para nos mostrar como amar”.

“Este comentário atingiu a minha mulher como uma confirmação divina daquilo que ela sempre suspeitou: que a vocação especial do Dominic no mundo é levar as pessoas a amar, mostrar-lhes como amar. Os seres humanos são feitos para amar e precisamos de exemplos que nos mostrem como fazê-lo”, escreve Paul num post que foi convidado a contribuir para um blogue sobre teologia moral.

O pai de cinco filhos diz que Dominic já partilhou do sofrimento da Cruz de Cristo mais do que ele em toda a sua vida “vezes mil”, mas confessa que muitas vezes a relação entre os dois parece ser unidimensional: “Sim, ele sofre mais do que eu, mas sou sempre eu que tenho de o ajudar a ele. É assim que a nossa cultura olha para os deficientes: indivíduos fracos, cheios de necessidades, que dependem tanto dos outros e que contribuem pouco, ou nada, para quem os rodeia”.

Mas o gesto do Papa e a subsequente reacção mundial levaram Paul a compreender melhor o papel do seu filho no mundo: “Sim, eu dou muito ao meu filho Dominic. Mas ele dá-me mais, muito mais. Eu ajudo-o a pôr-se de pé e a andar,
mas ele ensina-me a amar. Eu dou-lhe de comer, mas ele ensina-me a amar. Eu levo-o à fisioterapia, mas ele ensina-me a amar. Eu tiro-o e ponho-o na cadeira de rodas e empurro-o para todo o lado, mas ele ensina-me a amar. Dou-lhe o meu tempo, tanto tempo, mas ele ensina-me a amar”.

Segundo o professor de teologia, a vida do seu filho é uma prova da dignidade de todos os homens: “A lição que o meu filho dá é um testemunho potente da dignidade e do infinito valor de todos os seres humanos, sobretudo aqueles que o mundo considera os mais fracos e ‘inúteis’”.

“Pela sua partilha na ‘loucura’ da cruz, os deficientes são, na verdade, os mais produtivos de todos nós”, conclui Paul Gondreau.»



É isto, meus amigos. Percebem agora?

sábado, 30 de março de 2013

Páscoa

Em 9 anos de vida do Principezinho, oito são marcados pela condicionante da saúde.
Nestes últimos 8 anos, foram raras as vezes que passámos a Páscoa em casa e não no hospital.

Saímos do hospital há uma semana e tal. O João ainda não recuperou totalmente da gripe em si e do trauma do internamento... Sim, porque agora, cada vez que vem de um internamento (independentemente do tempo que lá esteve) aparenta sinais de stress pós-traumático (eu sei que não sou profissionalmente qualificada para fazer este "diagnóstico", mas sou a Mãe!). 
Recusava dormir. Só há 3 dias é que começou a aceitar ir para a cama e mesmo assim ainda não é à hora habitual dele... Ainda está um bocado nervoso, tem períodos de irritabilidade que podem ser motivados por dor mas são extremamente intensos e exagerados. 
O clima também não tem ajudado pois ele reage muito à humidade e por isso voltou a ter hipersecreções... logo, precisa de muita cinesioterapia respiratória e só tolera o primeiro minuto!
São precisas doses extra de paciência.

As Quaresmas foram sempre verdadeiras caminhadas de abstinência de muitas coisas que não as mais comuns para os católicos... Espera-se que se faça o sacrifício do jejum, que seja um período de reflexão intensa, de mudança interior. Para nós a abstinência não passa (apenas) pelos alimentos ou até por alguns comportamentos. Passa essencialmente pela abnegação.
Não é só o João, mas toda a família acaba por ser condicionada pelo seu estado de saúde.

Algumas pessoas não compreendem como é que, depois (e apesar) de tudo o que se passou e continua a passar nas nossas vidas, continuo a ter Fé.
Não explico. Apenas sinto.
E sinto-A muito. 
Acredito muito n'Ele, profundamente. 
Amo-O intensamente.
E tento vivê-Lo o máximo que me é possível.
Por isso, desejo a todos uma 
Santa Páscoa
que o Cristo Ressuscitado viva nos vossos corações
mesmo em quem não acredita Nele


segunda-feira, 11 de março de 2013

[sobre... a experiência do amor incondicional]

nasceu no dia dos atentados de Madrid e devia ter percebido logo que ele me ia virar a vida do avesso. mas a perspicácia, às vezes, não é o meu forte. o dia em que me tornei sua madrinha tive de o embalar encaixado no lado esquerdo da anca, para impedir que mordesse o ambão, enquanto eu lia uma leitura. uma vez mais devia ter percebido que ele me ia desafiar. mas já vos falei da minha perspicácia, não é verdade??? a determinada altura a vida dele (e da sua família) mudou, mas a minha já tinha mudado antes (sem que eu tivesse percebido - vide considerações sobre a minha perspicácia mais acima). é que ele com os olhos pestanudos, o sorriso fácil e aquele coração grande de quem ama e se apaixona já tinha roubado o meu, sem que eu desse conta. desde aí para cá isto de partilhar a vida com ele, isto de ser amada por ele, isto de o ver a olhar para mim com um olhar de aceitação plena deixou-me o coração maior mas também mais frágil. não lido bem com essa fragilidade mas reconheço que o saldo é francamente positivo, para o meu lado. espero que também o seja para ele. em novembro passado, por entre tubos e máquinas com um ruído ensurdecedor, sussurrei-lhe ao ouvido. o que eu lhe disse fica entre mim e ele. hoje é o dia em que celebro mais um aniversário do meu cucu. hoje - em especial - a p**a da distância física que nos separa tem um peso (quase insuportável) que torna o coração mais apertadinho. como é que uma criatura nos pode virar a vida assim do avesso? não sei. mas sei que no final é muito BOM!

sexta-feira, 8 de março de 2013

"Mais cedo falasse"

...como diz o outro!

Algumas horas depois de ter publicado o último post o João foi internado.
Mais um cromo para a caderneta de bicharocos que o meu filho quer completar, por sinal!

Desta vez é o vírus influenza B.
Gripe, portanto.
 A vacina este ano devia vir com "defeito"!

Já me contagiou e vamos lá a ver se o Pai Pinguim se safa.

Mais uns dias nesta nossa morada alternativa...

quarta-feira, 6 de março de 2013

Balanço de 2 meses em casa

Faz hoje precisamente 2 meses que estamos em casa, depois dos sustos do final de 2012.
Foram 2 meses relativamente tranquilos, tendo em conta que só saímos de casa para ir a consultas e só há 2 semanas é que o João retomou a UTAAC (por ser um ambiente mais controlado e pouca gente). 
Pelo menos, até ao final de Março é para ficar em casa e mais resguardado. Só pode sair para a UTAAC, consultas ou para um passeio à beira-mar em dias de sol.
Por motivos meteorológicos isso não se tem acontecido... e como ele é um barómetro em forma de gente (começa a dar sinal 2 dias antes de chover), nos dias em que houve sol não pudemos ir.
E esta semana, com esta chuva que não pára, está a piorar.
Dia 11 completará, se Deus quiser, o 9º aniversário. Esperemos que não o "celebremos" no hospital!

Nestes dois meses já voltei a pensar no futuro dele.
É mais forte que nós. Temo-lo em casa e esquecemo-nos às vezes da fragilidade da situação e ousamos pensar numa vida mais saudável que lhe permita ter futuro!
Pensei no tempo que ele já "perdeu" em termos lectivos, em que ponto estariam os colegas, será que as professoras prepararam material para ele, quando ele voltar à escola demorará muito a acompanhar?...

Fico contente com as notícias dos outros amigos dele, que progridem, que vão vivendo com mais ou menos dificuldades, com mais ou menos obstáculos, mas têm saúde! E isso não tem preço e vale mais que tudo!
Por isso, este tempo "perdido" foi tempo ganho. Para nós. Foram mais dois meses que ele esteve connosco, em casa. Com aquele olhar que tudo diz, alegre, mas também com as suas birras! Com saudades de muita gente, mas compreendendo que não tem mais visitas nem sai mais de casa para bem dele.
Feliz em família.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"Metade de um Coração"




Era um dia muito especial no céu. Jesus estava olhando seus escolhidos para virem viver na terra... seriam os próximos a nascer... Um dos anjos diz docemente a Jesus: "Eu não quero ir para a terra, Senhor, é tão bom viver aqui ao seu lado, no céu... vou sentir saudades.” Jesus tranquiliza o pequeno anjo dizendo que tudo ficará bem, que Ele cuidará do seu pequeno anjo sempre, com todo amor.

Como o pequeno anjo ainda não estivesse convencido que isso era uma boa idéia, Jesus diz: “Então deixe aqui comigo a metade do seu coração e leve a outra metade com você. Você vai ficar bem!” O anjo sorri. Jesus diz: “Aproveite seu tempo com sua família, brinque e ria todos os dias. E quando for o seu tempo de voltar para o céu, vou fazer novamente inteiro o seu coração! Lembre-se sempre que você não está quebrado, nem com um defeito, apenas dividido entre dois amores.”

O anjo novamente sorri e diz: “Eu acho que vai funcionar”. Mas no seu íntimo o anjo ainda está um pouco assustado, e pergunta: “Tem certeza que ficarei bem com apenas metade do meu coração? Jesus responde: “É claro que sim, pois eu tenho muitos outros anjos que enviei à Terra que irão cuidar especialmente de você, e te ajudarão a ficar bem e a ser feliz! Então Jesus dá ao anjo mais detalhes sobre o seu plano: “Quando você nascer, sua mãe vai ter medo, por isso você tem que ser forte, para ajudá-la a superar todos os seus medos, e quando você se sentir fraco lembre-se sempre: GUARDO COMIGO A OUTRA METADE DO SEU CORAÇÃO!”

Texto adaptado por Márcia Adriana da Internet. Autor Desconhecido

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Vendo cadeira de transporte e andarilho

Porque já não servem ao João e o dinheiro dá sempre jeito vendo estes artigos (ambos em bom estado):


Cadeira CLIP da Ormesa
 tamanho pequeno, com acessórios incluídos (colete, faixas abdutoras e apoio pés)



Andarilho Pacer da Rifton
tamanho pequeno com todos os acessórios incluídos
(não está na foto, mas também está incluído o tabuleiro em acríllico que se coloca na frente)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Infinito

infinito 

adj.
1. Não finito; sem fim.

2. Ilimitado, eterno.
3. Absoluto.
4. Inumerável.
adj. s. m.
5. Infinitivo.
s. m.
6. O tempo ou o espaço.
7. O absoluto.
8. O que a razão humana não pode alcançar.
adv.
9. Infinitamente.
10. Excessivamente.
11. Muitíssimo.


Assim é o nosso amor por ti, filho.