sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Reviver emoções


de há sete anos atrás, quando tudo começou...
Não exactamente da mesma forma, mas semelhante.
Há sete anos atrás, apesar de eu ter tido sempre consciência dos riscos de uma ventilação, tinha mais esperança. Nem era bem "esperança"... era o saber que tinha um filho saudável.
Agora não. Saudável é coisa que ele não é.
Relendo o post do dia 30 até parece que estava a adivinhar o que viria a suceder umas horas mais tarde. Parece que o pressentia. O verdadeiro cliché "uma mãe sabe sempre".
*
Há sete anos atrás, tanto na primeira entubação como na segunda, confiava mais nos médicos: nas suas capacidades de salvarem o meu filho, de actuarem atempadamente e evitarem o pior.
Hoje confio na equipa médica que o segue. Só que sei que ele já não é saudável e por isso, mesmo que eles actuem atempadamente (como realmente aconteceu no dia 31) o pior pode acontecer porque o João pode não aguentar. Ele já não tem a capacidade física que tinha quando era apenas um bébé de um ano de idade. O adenovírus destruiu-o. E o mycoplasma passados 2 anos ainda veio complicar mais.
Por isso senti-me, descontroladamente a perder o meu filho. Outra vez.
*
A linha entre cá e lá é tão ténue e tão real para quem vive com uma doença crónica que os mais comuns mortais não se apercebem. Mas nós temos a perfeita noção disto. E vivemo-la com demasiada frequência. Não vivemos em pânico, mas com os pés assentes na terra.
*
Como nos disseram uma semana antes disto acontecer:
"O João é um sobrevivente. Ele não devia estar aqui..."
Não no mau sentido... Não era suposto. Não era esperado que, com aquela infecção a adenovírus, ele sobrevivesse.
Graças a Deus ainda cá está.
Graças a Deus volta a passar por mais uma provação lutando com as forças físicas que ainda lhe restam.
Graças a Deus que não lhe falta Amor.
Só lhe falta a saúde - ó Deus!...

1 comentário:

Anónimo disse...

Lamentamos muito meus queridos, toda esta situação, dói muito, dói na alma... pelo Jotinha, por todo o sofrimento fisico que ele tem vivido nestes últimos anos, quer por voces pais e casal!
Por muito que amemos o João é impossível ter a mínima noção do que é viver esta realidade de constante incerteza e angustia!
O João é um herói, sempre foi e será... com uma vida ainda tão curta, mas com uma história tão forte... uma lição de vida para muita gente!
O Senhor está a olhar por ele a cada instante, não tenho dúvida, por isso força e confiança! Adoramos-te João.
Tia Marta