sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O Estado da Educação Especial

Apesar das boas expectativas apresentadas pelo governo relativamente ao novo sistema imposto pelo Decreto-Lei 3/2008, a realidade é bem diferente como temos constatado.
Segundo o Professor Miranda Correia (Univ. Minho) mais de 100 mil alunos com NEE continuam sem apoio especializado.
A nossa Minstra da Educação contraria este número, apontando para os 55 mil os casos de crianças referenciadas.
Independentemente de quem tem razão, eu pergunto: e as que ainda não estão referenciadas?!?
ou
e as que estão referenciadas, mas não têm professora ou educadora colocada no respectivo agrupamento?
Quanto tempo temos que esperar para que sejam cumpridos os prazos e se iniciem trabalhos?

Já alguém o disse e pensando bem, se calhar não era mau pensado...
E que tal se se pudesse "multar" o Ministério da Educação pelos seus consecutivos incumprimentos?
***

5 comentários:

reb disse...

Pela minha parte, que sou professora numa escola básica de 2º e 3º ciclos, ando saturada das mentiras desta ministra!
Não é só em relação a alunos com n.e.e que as coisas, na prática, não funcionam, é em relação a montes de coisas que os oiço gabarem-se de terem feito e que nós, no terreno, sabemos que é pura propaganda.
Qto ao dec-lei 3/ 2008, aparentemente muito simpático, veio substituir o dec-l.319/91, deixando fora de qualquer apoio centenas de crianças que, embora não tenham uma "deficiência de carácter permanente", muito beneficiavam qdo eram apoiadas individualmente ou em pequenos grupos.
A lógica é sempre poupar...mas a mim parece-me que, com a educação, poupar é criminoso!

Mãe Sisa disse...

Na verdade, não conheço ninguém ligado à Educação (entenda-se, que trabalhe no ramo) que esteja totalmente de acordo com este DL.
Apesar da deficiência do Principezinho ser de carácter permanente, acho muito injusto para os que, com esta nova "avaliação", são excluídos dos apoios a que devem ter direito (ex.: dislexia, hiperactividade entre outros).
Sou a favor da inclusão - de todos, sem excepção! Há que estudar caso a caso e pôr em prática todas as adaptações necessárias, consoante as necessidades.
Obrigada pela estreia aqui no nosso cantinho!

reb disse...

Os vossos blogues devolvem-me a esperança na humanidade. Vejo por aqui um amor e uma coragem que, geralmente, não se encontra em pessoas a quem a sorte não ajudou a crescer.
Penso, ainda, que os vossos filhos têm uma grande sorte em terem nascido em famílias tão disponiveis para amar e lutar por e com eles.

Onde trabalho, escola em meio desfavorecido, quando uma criança tem alguma dificuldade é muito abandonada. Não entendo como pode, por exemplo, um miúdo de 16 anos que tenho este ano no 6º ano ( idade média !0/11)se encontra em tal estado de depressão. Teve, segundo consta dos relatórios, convulsões dos 3 aos 5 anos, com internamentos vários. Nunca foi estimulado, pelo contrário, ensinaram- no a ser dependente. Hoje parece um deficiente profundo, tem uma auto-estima baixíssima, não olha nos olhos. É o exemplo de como uma pequena deficiência se pode tornar numa deficiência profunda. Em conversa com a mãe, esta contou-me que ainda dá banho ao filho!!! Tem 16 anos. Quando lhe perguntei porquê, respondeu-me que tinha medo que ele não se lavasse bem, cheirasse mal e os colegas o gozassem!!

O que fizeram pais, terapeutas, médicos, professores...por este miudo até agora??

Um beijo para ti!

CláudiaMG disse...

Bem "Mãe Sisa"

Este é o tema quente da altura...
Já sabem do que se passa no meu Agrupamento, pelo que não vale a pena falar!!!
Também eu concordo com a o que disseram relativamente a crianças que não tendo uma patologia definida ficaram excluídas destes apoios. Ainda no outro dia em conversa com a ex-educadora do Guilherme (que aguarda colocação), ela dizia-me que está muito preocupada com as suas crianças que deixaram de ter apoio em virtude de saber que a partir de agora deixarão de ter o acompanhamento, que apesar de ser em número insuficiente, agora passará a ser nenhum e em muitos casos são crianças de risco em famílias carenciadas, ou seja sem meios para lutarem.

Toda esta situação me revolta, até porque actualmente me encontro mesmo no meio dela. Amanhã ligarei para a Escola para saber mais pormenores e se até ao fim do mês o Guilherme ainda não tiver Educadora acreditem que as coisas irão ser diferentes.
A "Reb" já me deu imensas ideias e acreditem que vou usá-las até conseguir ter 1 Educadora para o meu filho.

Beijinhos e desculpem o testamento / desabafo
CláudiaR

Inês Teixeira disse...

Caras mães, não posso deixar de concordar com vocês relativamente às promessas do ministério da educação. Não existem falta de pessoas formadas na área, EU inclusive tirei o curso de Reabilitação Psicomotora (antiga Educação Especial) na Faculdade de Motricidade Humana, temos conhecimentos para trabalhar com crianças/adultos e idosos que necessitem de necessidades especiais, mas não aceitam as nossas candidaturas a Professores de Educação Especial.
As necessidades existem, pessoas formada também...o que não existe são respostas!

Qualquer informação/comentário estarei disponivel:inespteixeira@gmail.com