domingo, 11 de novembro de 2012

Trocas gasosas

 
 
Então e quando o PCO2 for superior ao dobro que deveria ser?

Então e quando não se conseguir ventilar sem assistência mecânica?
 
O que fazer agora?
 
...
 
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A primeira tentativa

de extubar o João não deu resultado...

Já tinha começado a fazer o desmame da sedação, começava a reagir (muito pouco) a alguns estímulos até que começou a tentar tirar o tubo que tem na garganta com a própria língua, ao ponto de lhe provocar vómito.

Ele estava mesmo a "pedir" para lhe tirarem o tubo!

Esperançados (nós e a equipa de serviço) decidimos tentar.
Aguentou menos de uma hora.

Teve que ser entubado outra vez.

O coração bate mais forte, parece que cresce e pula até à garganta durante todo este tempo.

E depois fica minúsculo e apertado, outra vez.

Valeu a pena tentar...

sábado, 3 de novembro de 2012

a relatividade das coisas

tudo é relativo
tudo parece vão nesta situação

tudo o que fizeram pelo meu filho até aqui
foi pouco. sempre pouco. ou quase nada comparando com o que ele precisava.

agradeço a presença de pessoas que ajudaram o meu filho a ser feliz
mas, institucionalmente tudo falhou.

lutas de dom quixote contra moinhos de vento
é como tudo parece visto daqui.

não ter as terapias que devia ou com a frequência que precisa
não ter o acompanhamento que merece
as coisas na escola não correrem como desejável
...
ninharias!
mesquinhices até

nem sei porque "perco tempo" a preocupar-me com isso
se o mais importante é isto. aqui e agora.
este momento. o presente.

o ter (já) saudades de apertar o meu filho
de o beijar até me doer os lábios e ele ficar com as bochechas vermelhas e rir-se, malandro, a adorar cada mimo chato... e depois querer ele beijar-me de boca escancarada, com baba à mistura e finalmente conseguir controlar os movimentos e  dar uma dentadinha de amor e rir-se... e querer morder mais e gritar com o olhar que me ama perdidamente.

maldito adenovírus
maldita mycoplasma
malditas pseudomonas

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Passados cerca de 10 meses do último susto, eis que estamos na mesma situação.
Não propriamente na mesma, mas idêntica.

Os sintomas foram semelhantes, mas o estado agravou muito mais rapidamente, mesmo apesar de não se ter esperado tanto tempo para tomar determinadas medidas.

Infelizmente o João não respondeu à ventilação não-invasiva como seria preferível e teve que ser entubado, uma vez mais.

A febre (apesar de baixa) demorou muito tempo a ceder e a ficar espaçada.
Os acessos de tosse intermináveis, assim como as secreções.

Agora, com a ventilação mecânica, as coisas ainda não estão tão controladas como deveriam.

Finalmente chegaram resultados de umas colheitas que deram positivo para um bicharoco maldito.
(Porque a história de andar a fazer análises há meses e nunca ter resultado positivo para coisa alguma já andava a dar connosco em doidos)
Trata-se de uma bactéria multi-resistente que nem sempre "responde" à antibioterapia.

Cada infecção pulmonar e cada ventilação tem um efeito cumulativo no estado do Pulmão.
Num Pulmão já tão degradado, como o do João nunca sabemos como vai ser daqui para a frente.

Sabemos que as infecções são cada vez menos espaçadas entre si.
Constatamos que a próxima é sempre um bocadinho pior que a anterior.
Sabemos que todas as lágrimas são poucas para a dor que sentimos ao vermos o nosso filho assim, outra vez.
Sabemos que o tempo não perdoa.
Só não sabemos quanto aguenta o corpo dele.

E eu não sei
como aguentam
a dor
da saudade
as mães
e os pais
que conheço
daqui ou dali
que já perderam
os seus
tão amados
filhos
porque
esta dor
que sinto
agora
deixa-me
sem fôlego
sem saber como
ainda consigo
fazer perguntas difíceis
que exigem respostas ainda mais difíceis de dar
                                                            e de ouvir