domingo, 25 de janeiro de 2009

São umas seguidas às outras

... eu bem gostaria de ser optimista, de ter motivos para ser optimista... mas não tenho!
*
Este Outono/Inverno tem sido para esquecer: desde Outubro que o Principezinho anda a antibiótico. Curiosamente tem sido na primeira semana de cada mês que ele fica doente. Este mês não foi excepção... Pensando friamente: porque seria? Só porque começámos um novo ano?!? Este tipo de pensamentos fica para quem os pode ter. Os tais... optimistas.
*
Logo no 1º de Janeiro fomos para o hospital porque ele iniciou um quadro de tosse irritativa (e irritante!), baixas oximetrias (falta de ar - oxigénio muito baixo). Mas neste dia as médicas não descobriram nada de invulgar além da tosse (que acalmou depois da adrenalina e do hidrato de cloral (*1)). Não tinha nenhuma inflamação na garganta e a auscultação estava normal (dentro do quadro habitual dele, claro). Poucas horas depois de chegarmos a casa a temperatura começou a subir e não havia Ibuprofeno ou Paracetamol que a baixasse... Não que fosse febre alta (nunca ultrapassou os 38,8º), mas no caso dele, basta ultrapassar os 38º que depois é um castigo para baixar!

No dia seguinte decidimos ir ao pediatra. Afinal estava com uma Amigdalite!
Por piada até enviei a seguinte mensagem à madrinha dele: "Saímos agora do médico. Afinal é só uma amigdalite. Finalmente uma doença comum de gente normal!!!"

Pois, mais valia ter estado sossegadita. Uma amigdalite numa criança saudável já é chato, numa criança com os antecedentes dele então tem sempre complicações (principalmente a nível respiratório).
Esteve 4 ou 5 dias só a comer iogurtes (e isto, quando comia!). Só ao 7º dia de antibiótico é que começou a ficar menos prostrado, mais reactivo (nos dias anteriores parecia que passava o dia "desmaiado").
Para ajudar eu própria fiquei de cama 2 dias!
Esteve estabilizado cerca de uma semana.
Na perspectiva optimista que a maioria das pessoas teima em acreditar, poderíamos dizer: pelo menos deixou-nos celebrar os aniversários do Pai e da Mãe sem nenhum sobressalto... Quase!
*
Assim que as pessoas que cá estiveram saíram da nossa casa (depois de me cantarem os parabéns), estavámos nós a fazer-lhe os aerossóis da noite quando o Principezinho inicia uma convulsão (*2).
Ele já não tinha uma crise (*3) há cerca de 2 anos (pelo menos não destas).
Foi uma mistura de ausência com mioclonias. Durou cerca de 2 minutos. Como tínhamos o oxímetro ligado verificámos até onde baixou o oxigénio: aos 49%! Não sei como é possível, mas aconteceu. Ligámos o oxigénio no máximo (15lt) e o ar simplesmente não entrava!
Chamámos o INEM e não vi quanto tempo demoraram: a nós pareceu-nos uma eternidade. Quando chegaram fomos imediatamente para o hospital. Não adiantou de nada porque não há neurologistas de serviço nas urgências. Fez análises ao sangue que acusaram os níveis de ácido valpróico baixos (que explicam a convulsão, uma vez que tinhamos iniciado o desmame). Contudo não era possível fazer um EEG aquelas horas da madrugada. A intenção era ele ficar internado para ficar sob vigilância. Além de nós não querermos (por todos os motivos já conhecidos - sim, confirmei as minhas suspeitas ao ler uma nota de um médico para o técnico de EEG, a reforçar a necessidade urgente do EEG, justificando assim o motivo do JM não ficar internado naquela noite "uma vez que a mãe tem fobia de internamentos devido a todo o historial de infecções...") também não haviam vagas!!! Mas, sim, é verdade: tenho mesmo fobia de internamentos.
Ficou então combinado que voltaríamos de manhã para fazer o tal EEG. Deitámo-nos por 3 horas e depois lá fomos outra vez para o hospital, onde nos disseram que de manhã seria impossível fazer o exame. Teríamos que voltar às 13h.
E voltámos... e esperámos... e esperámos... até às 15h30 - hora que nos disseram que não iria ser possível fazer o exame naquele dia! Informaram-nos o dia e a hora em que havia disponibilidade.
Conclusão: depois de tantas horas e entrar e a sair daquele espaço infestado de bicharocos o que se poderia esperar?!?
Mais uma infecção. É o que o Principezinho tem outra vez!
*
Basicamente, a Mãe continua a ter razão nos seus receios, nos seus medos, nas suas exigências, nas suas paranóias, nas suas fobias.
*
O estado de saúde do JM é débil e mesmo assim vamos arriscando nalgumas situações porque sabemos que é importante ele experimentar certas coisas, vivenciar, para conhecer e ser (o máximo possível) feliz.
*
Nós não somos pessimistas. Não exageramos. Somos realistas acima de tudo.
Quem nos dera a nós, pais, não termos os motivos que temos para sermos como somos.
Quem nos dera podermos passear à vontade com o nosso filho, para qualquer lado e fazer qualquer tipo de actividade sem termos que pensar em todos os prós e os contras das situações, sem pensar nas condições de higiene, na aglomeração de pessoas... sem pensar se os locais têm condições arquitectónicas para a condição física dele, se há condição climatérica, se há condições para levar o oxigénio, para podermos fazer os aerossóis (se necessário), se há um serviço de emergência médica relativamente perto...
*
Cada vez mais temos menos paciência para quem não nos compreende.
Para quem não nos ajuda.
Porque a ajuda passa também por saber e aceitar estar quieto e calado, porque o nosso cansaço é perene. O nosso descanso nunca é reparador porque estamos SEMPRE em vigília.
*
E devido ao meu cansaço é que tenho estado ausente...
para poder estar presente ao meu filho, cujo sorriso me ilumina a vida!
*
*
*
Para esclarecerem as vossas dúvidas:

Mais uma sugestão: epico.pt

«Que Deus vos dê em dobro aquilo que me desejarem»

(a mim e aos meus!)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A Doença

Ontem à noite vi o episódio de "Clínica Privada" na Fox Life.
Surgiu um personagem secundário com quem, inevitavelmente, me identifiquei (quase) na perfeição: tratava-se de um pai de um rapaz de 17 anos com Bronquiolite Obliterante.
O pai fazia tudo o que lhe era possível para que o filho continuasse vivo, sujeitando-o a ventilações mecânicas sistematicamente para que ele tivesse a oxigenação necessária.
O filho não queria mais ventilações. São agressivas, invasivas e mantêm um nível de vida muito aquém daquilo que seria desejável.
Com 17 anos, bem formado, desde a idade de 12 a lutar contra esta doença, o rapaz sabia bem o que queria e manifestou o seu desejo de não voltar a ser ventilado, compreendendo bem o que isso implicaria.
Apesar da relutância inicial, o seu pai acabou por aceitar a vontade do filho e deu autorização para o extubarem e, consequentemente, o rapaz deixou de respirar...
Inevitavelmente me pergunto se alguma vez eu serei capaz de deixar o meu egoísmo de lado e ter tamanha capacidade de desprendimento e aceitação.
Sei que isto também é Amor.
Lembro-me com muita frequência de uns amigos que perderam o seu filho A. há 2 anos.
Conhecemo-nos no hospital. O A. era doente crónico e a Unidade de Cuidados Intensivos era verdadeiramente a sua segunda casa.
Foram eles (o A. e a família) o nosso exemplo na aceitação de uma doença crónica invadir as nossas vidas e de como lidar com a situação - com as infecções recorrentes e consequentes internamentos prolongados, com a equipa médica, de enfermagem e auxiliares, com as consultas constantes e com a INcerteza...
Entretanto encontrei mais um estudo sobre esta doença presente nas nossas vidas (para consultar, basta clicarem AQUI).
*

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

xô bitchus!


uma mensagem para a familia Cucu:

xô Bitchus! xô Bitchus!


eu cá continuo a "fazer antibióticos", tá afilhado?